sábado, 11 de abril de 2020

RECONCILIAR-SE COM OS ADVERSSÁRIOS

Reconciliai-vos o mais depressa com o vosso adversário, enquanto estais com ele no caminho, a fim de que vosso adversário não vos entregue ao juiz, e que o juiz não vos entregue ao ministro da justiça, e que não sejais  aprisionado. Eu vos digo em verdade, que não saireis de lá, enquanto não houverdes pago até o último ceitil (São Mateus, cap. V, v. 25, 26).

Há, na prática do perdão, e na do bem em geral, mais que um efeito moral, há também um efeito material. Sabe-se que a morte não nos livra dos nossos inimigos; os Espíritos vingativos perseguem, frenquentemente, com seu ódio, além do túmulo, aqueles contra os quais conservaram rancor; por isso o provérbio que diz : "Morto o animal, morto o veneno", é falso quando aplicado ao homem. O Espírito mal espera que aquele a quem quer mal esteja preso ao corpo e menos livre, para o atormentar mais facilmente atingi-lo em seus interesses ou em suas mais caras afeições. É preciso ver,  neste fato, a causa da maioria dos casos de obsessão, daqueles sobretudo que apresentam uma certa gravidade como a subjugação e a possessão. O obsidiado e o possesso são, pois, quase sempre, vítimas de uma vingança anterior, à qual, provavelmente, deram lugar pela sua conduta. Deus o permite para puni-los do mal que eles próprios fizeram ou, se não o fizeram, por terem faltado com indulgência e caridade, não perdoando. Importa, pois, do ponto de vista da sua tranquilidade futura, reparar mais depressa os erros que cometeu  contra o próximo, perdoar seus inimigo, a fim de exterminar, antes de morrer, todo motivo de dissensões, toda causa fundada de animosidade ulterior; por esse meio, de um inimigo obstinado neste  mundo, pode-se fazer um amigo no outro; pelo menos coloca o bom direito do seus lado, e Deus não deixa aquele que perdoou ser alvo de vingança. Quando Jesus recomenda reconciliar-se o mais depressa com o adversário, não é somente com vistas a apaziguar as discórdias durante a existência atual, mas evitar que elas se perpetuem nas existências futuras. Não saireis de lá, disse ele, enquanto não houverdes pago até o último ceitil, quer dizer, satusfeito completamente a justiça de Deus.

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