sexta-feira, 10 de março de 2017

História das relíquias de santa Cristina, sua vinda para Campinas e relato de D. Francisco de Campos Barreto



Breve Histórico das Relíquias de Santa Cristina

O corpo de santa Cristina foi sepultado pelos cristãos nas catacumbas - cemitérios cristãos subterrâneos, que hoje levam seu nome. Após o Edito de Milão (ano 313 d. C), com a liberdade de culto, se construiu um primeiro oratório subterrâneo sobre a tumba da santa mártir, sendo que seu corpo foi colocado em um sarcófago feito de pedra.
Sobre seu túmulo se construiu uma basílica que no curso dos séculos foi ampliada e embelezada pela devoção popular e pela devoção de príncipes e papas. Os despojos de Santa Cristina repousaram no seu sarcófago até o século VIII, quando após um furto por parte de alguns peregrinos, por segurança, foram transportados para a ilha de Martana.
Neste local foram reencontradas pela condessa Matilde de Canossa, senhora da Toscana que as fez autenticar pelo papa Gregório VII, ordenando que voltassem ao seu primitivo sarcófago na sua basílica de Bolsena. A basílica foi totalmente restaurada e reconsagrada pelo mesmo papa em outubro de 1078.
Sobre a tumba de santa Cristina, foram construídos altares de grande valor artístico como o belo cibório do século IX, chamado altar do milagre, porque sobre ele aconteceu o famoso prodígio eucarístico de 1263 (um sacerdote de Praga, peregrinando ao túmulo de santa Cristina e celebrando a missa com dúvidas sobre a Eucaristia, viu o pão transformar-se em carne e o vinho em sangue, literalmente). Com o passar dos anos se perdeu o local exato da tumba de santa Cristina. Somente em 5 de Agosto de 1880, veio à luz o seu sarcófago durante o trabalho de escavação e restauro das catacumbas sob a Basílica. Dentro não estava o corpo inteiro da santa, mas uma pequena caixa marmórea dentro da qual, misturamos a terra e pó de madeira, estavam vários ossos, declarados pelos peritos em anatomia, pertencentes a um corpo entre onze a doze anos.
Estes trabalhos foram efetuados por iniciativa do Cônego DAddi e do bispo Dom Briganti e executados sob o conselho e guia dos arqueólogos Giovanni Battista De Rossi e Enrico Stevenson. Foi nesta ocasião que se construiu um monumento fúnebre, com uma vela estátua mortuária de Santa Cristina, do escultor Benedetto Buglioni, que foi colocada sobre o sarcófago que hoje se encontra na Basílica de Bolsena.
Nesta pequena urna marmórea no interior do sarcófago, se encontra a inscrição: "Aqui repousa o corpo da beata Cristina mártir". O sarcófago no qual estava a pequena urna marmórea, foi encontrado com um rombo na parte de trás, o que confirma a tradição do furto ou subtração de grande parte das relíquias da santa, acontecido em séculos precedente. De fato,parte dos ossos de Santa Cristina, relíquia preciosa e sagrada, tomaram outro destino como veremos a seguir.
Em 1727, o bispo Porfírio expunha para veneração pública parte das relíquias (ossos) de Santa Cristina, que após passarem pelo Mosteiro de S. José em Roma vieram para Campinas. Acham-se guardadas no arquivo da Basílica do Carmo, a Bula do Bispo de Porfírio, Itália, colocando à veneração as relíquias de Santa Cristina (20/06/1727), estas relíquias que estão agora em Campinas e a "Narrativa sobre a origem das relíquias de Santa Cristina", extraída do Livro de Memória do Mosteiro São José das Carmelitas Descalças, em Roma, de onde vieram para Campinas, que atestam a autenticidade destas relíquias de Santa Cristina.






TESTEMUNHO SOBRE AS PROVIDÊNCIAS DAS RELÍQUIAS DE SANTA CRISTINA, MANUSCRITOS POR DOM FRANCISCO DE CAMPOS BARRETO, 2º BISPO DIOCESANO, NO LIVRO TOMPO DA DIOCESE DE CAMPINAS (ANO 1922-1931 PP.42-44)

"A meu pedido, o Revm padre José de Castro Nery, desta diocese, estudando no Colégio Pio Latino, procurou obter uma relíquia insigne para este bispado, era minha intenção, dotar com essa relíquia a nova matriz do Sagrado Coração de Jesus desta cidade. A relíquia encontrada foi a de Santa Cristina, virgem e mártir existente no Carmelo de São José em Roma. Depois de várias tratativas, o Pe. Nery, obteve do santo padre Pio XI, a devida ordem para me ser entregue esta relíquia, visto haver outro pretendente à mesma. Ofereci como esmola ao Carmelo, três mil libras que foram recebidas pela priora Madre Rosália da Sagrada família. Essa relíquia foi trazida por mão própria e aqui entregue. Depois de estar algum tempo em minha capela, procissionalmente e com grande pompa, por  todas as religiosas de Campinas, tomando parte na procissão de Santa Terezinha, realizada a oito de Outubro, em uma rica urna e em um lindo andor, foram essas relíquias levadas à Catedral. Nessa ocasião, além das religiosas da cidade, acompanhei a procissão, levando também o Calendo Cabido,   sacerdotes e o  seminário diocesano. Depois de um mês na Catedral, transportei em outro móvel a mesma urna para a capela das Missionárias. Uma imagem de cera deve ser feita para as relíquias tanto aí como na Igreja do Sagrado Coração de Jesus. A santa urna com as relíquias voltará para minha capela particular. A esmola dada em Roma foi toda minha e a ninguém pedi auxílio. A seguir mando transcrever aqui, o que se lê nos principais documentos que acompanham essas santas relíquias: (seguem-se várias páginas de transcrição de documentos...)"Como se depreende dos documentos aduzidos aqui, a relíquia de Santa Cristina foi tirada do cemitério de S. Calepódio. Esteve na Lipsamotheca do Vaticano, no lugar sagrado das demais relíquias até o ano de 1727, data em que Monsenhor Sacristão de Sua Santidade a presenteou à Marquesa Casali. Das mãos desta passou para o convento carmelita de S. Giuseppe a Capo de Case (Roma) onde foi encontrar, depois de dois séculos, um sacerdote encarregado por mim. Após dois anos de negociação, foi obtida de Sua Santidade o para Pio XI, gloriosamente reinante, preenchidas outras cláusulas que comumente se requerem por direito e costume em casos similares, selada a urna pelo vicariato de Roma e protegida pela Embaixada brasileira junto À Santa Sé, em julho de 1927. Estava a relíquia pronta para chegar a Campinas. Obstaculou-a a rigorosa alfândega de Chiasso (Itália) que, nos extremos de zelo com as antiguidades impôs veto à partida das relíquias. Somente um ano mais tarde, exatamente no dia da festa santa (24 de julho de 1929) foi que tive oportunidade de receber os sagrados despojos. Para que mais prontamente esses últimos chegassem a seu destino. Trabalharam com constância e zelo, os embaixadores Dr. Carlos Magalhães de Azevedo e Oscar Teffé e muito especialmente o Exmº Sr. Dr. Figueira de Mello, Conselheiro da Embaixada brasileira junto à Santa Sé. Em tempo declaro aqui que minha primeira intenção foi entregar a SAnta Relíquia de Santa Cristina ao Santuário do Sagrado Coração de Jesus desta cidade, o que foi feito. Infelizmente as relíquias não foram bem conservadas no lugar que as colocara, começando a se deteriorar. Como tal acontecesse mandei os santos ossos para as irmãs Franciscanas do Imaculado Coração de Maria, limparem. Como pároco do Sagrado Coração não procurasse mais, determinei que as mesmas passassem como propriedade do Instituto das Missionárias de Jesus Crucificado que j´possuíam uma parte dessas santas relíquias e uma imagem de cera também, Fiz isso em boa consciência, porque tanto as santas relíquias, como as imagens foram fruto de um trabalho pessoal meu, sendo todas as despesas feitas por mim".

A BASÍLICA DE NOSSA SENHORA DO CARMO E AS RELÍQUIAS DE SANTA CRISTINA

A matriz de Nossa Senhora do Carmo se ergue no lugar da primeira igreja matriz construída em Campinas, e que foi sede da primeira paróquia da então freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Campinas do Mato Grosso, que funcionou em capela provisória até a inauguração da matriz em 25 de março de 1781.
Em 14 de julho de 1774 juntamente com a fundação da cidade (data oficial) se instalou a freguesia(paróquia). Na Matriz onde,de então foi sepultado o fundador da cidade, Francisco Barreto Leme. A Praça Bento Quirino com a matriz foi a "cella mater" em torno da qual se formou e desenvolveu Campinas, então, um local de passagem de tropeiros que iam rumo a Goiás. Tudo isto se constitui em um dado histórico que faz da Basílica do Carmo um monumento de valor histórico incalculável, tanto assim que foi tombada como patrimônio histórico e cultural da cidade de Campinas.
Basílica Nossa Senhora do Carmo de Campinas


Missionárias da Congregação Jesus Crucificado em 1952 - Colégio Dom Barreto em Campinas





Em 1807 decidiu-se transferir a sede da paróquia para outro lugar e assim se construiu a "Matriz Nova" (hoje Catedral) para onde se transferiu a sede da paróquia. Porém a população não aceitou que a "Matriz Velha" deixasse Campinas, criou uma nova paróquia tendo como igreja matriz a "Matriz Velha" com o título de Santa Cruz do Carmo. A partir de 1932 passou a ser oficialmente Paróquia de Nossa SEnhora do Carmo.
A matriz do Carmo foi reformada várias vezes durante muito tempo. Porém, em 1929 foi demolida sua estrutura de taipa de pilão que vinha desde a colônia e construída a Matriz que hoje se pode ver no seu estilo neo-gótico, inaugurada e consagrada por D. Francisco de Campos Barreto, segundo bispo de Campinas, em 16 de julho de 1941. Em 06 de novembro de 1974, a Matriz do Carmo recebeu do Papa Paulo VI o título de Basílica, a pedido do Arcebispo de então, Dom Antonio Maria Alves de Siqueira e do pároco Monsenhor Geraldo Azevedo. 
O documento da Santa Sé sobre as Basílicas Menores reza: Goze (a igreja que pretende o título de Basílica) de uma certa celebridade em toda a Diocese, p. ex.: porque ali se pratica uma especial veneração para com uma religiosa da Diocese" (cf. in Sacra congregatio rituum, Decretum Domus dei decorem de titulo Basilicae Minoris, 06 iunii 1968: AAS 60 (1968) 536-539).
Tendo já a Basílica de Nossa Senhora do Carmo todos os demais requisitos, faltava-lhe a relíquia. O pároco Cônego Pedro Carlos Cipolini propôs ao Senhor Arcebispo D. Bruno Gamberini, em 2009, iniciar um processo para obter uma relíquia para a Basílica. Surgiu a ideia de pedir às Missionárias de Jesus Crucificado que cedessem à Basílica as relíquias de Santa Cristina. O pedido foi feito pelo Sr. Arcebispo e o pároco e endereçado à Madre Geral Irmã Leila Fouad Sader e seu Conselho Geral.

atual Bispo de Amparo, Dom Pedro Carlos Cipolini





Arcebispo Dom Bruno Gamberini (1950 -2011)

No pedido foi feita a alegação da grande ligação do Fundador das Missionárias D. Barreto com a Basílica do Carmo, onde o mesmo foi batizado, foi coroinha, posteriormente pároco. Foi D. Barreto que estimulou Cônego Idílio José Soares pároco de então, para demolir a matriz antiga e construir a atual que ele sagrou solenemente em 1941, como já se assinalou. Foi na paróquia do Carmo também que D. Barreto fundou a Congregação das Missionárias de Jesus Crucificado e também o embrião do que seria futuramente a Puccamp. Por tudo isso, foi obtida a doação das relíquias de Santa Cristina que estavam na capela da Casa de Nossa Senhora, no Bairro da Ponte Preta em Campinas.
Transcrevemos aqui trecho da carta em que as Missionárias fazem a doação das relíquias à basílica: "Dom Barreto doou as Relíquias Pa congregação da Missionárias de Jesus crucificado, por ele fundada em Campinas. As relíquias foram sempre conservadas na capela da casa Geral da Congregação, e desde 1942 se conservam na capela da cada de nossa senhora, à Praça Dom Barreto, 42 - Ponte Preta, em Campinas.É com prazer que a Congregação das Missionárias de Jesus Crucificado faz a doação das Relíquias de Santa Cristina à Basílica de Nossa Senhora do Carmo, em memória de seu fundador, D. Francisco de Campos Barreto, que  nesta Basílica foi batizado, foi coroinha, depois pároco e aí foi nomeado bispo, tendo posteriormente como bispo de Campinas fundado nossa Congregação, nesta paróquia de Nossa Senhora do Carmo. AS Relíquias de Santa Cristina presentes na Basílica poderão ser veneradas pelo povo. E sendo mártir pela fé, ela intercederá pelo fortalecimento de nossa fé."
Em 23 de Outubro, um sábado, as Relíquias  foram solenemente trasladadas para a Basílica de Nossa Senhora do Carmo, com a participação do povo, das irmãs missionárias de Jesus Crucificado, que estavam realizando seu capítulo geral, do clero de Campinas, celebrando-se na Basílica às 12:00 horas uma missa solene presidida pelo sr. Arcebispo D. Bruno Gamberini, tendo participado também D. Pedro Carlos Cipolini bispo de Amparo e ex-pároco e reitor da Basílica, que promoveu junto com os paroquianos este evento de fé. Nesta celebração as Irmãs Missionárias fizeram a entrega oficial das Relíquias à Basílica.
As relíquias foram em seguida, colocadas sob o altar lateral do Coração de Jesus, onde se encontram expostas à veneração pública. Na placa de bronze fixada sob as relíquias e a imagem de cera de Santa Cristina está escrito: "Aqui estão relíquias entregues pelo Papa Pio XI ao bispo de Campinas, Dom Francisco de Campos Barreto, em 1927 e doados pela congregação das Missionárias de Jesus crucificado a esta basílica em 2010."




Oh Deus, pai de misericórdia, que destes a Santa Cristina coragem para testemunhar a fé em vosso Filho por muitas obras, até o martírio, dai-no a mesma coragem para no mundo de hoje, testemunharmos com nossa vida a mesma fé cristã,e a  graça de uma vida tal que sejamos para o mundo a imagem e o amor de Jesus Cristo, vosso Filho e Nosso Senhor. Concedei-nos os favores que necessitamos receber de vossa providência (fazer o pedido), pelos méritos de Santa Cristina, Virgem e Mártir, que unida a vosso filho, é para nós sinal de vosso poder. Isso vos pedimos em nome de Jesus, na unidade do Espírito Santo. Amém.









sábado, 4 de março de 2017

Ladrões roubam os números de identificação de uma rua toda !

Seriam esses ladrões os mesmo que roubam fios de cobre para trocar por droga? Seria fácil identificá-los neste caso, basta irmos até a "biqueira" do bairro, e perguntarmos quem pagou com "números"!? 




Infelizmente, várias casas da minha rua, tiveram, esta semana, seus números de identificação furtado. Algumas casas tiveram todos os números, outras, não foram todos.

O carteiro que atende à nossa rua é antigo, e conhece bem os moradores e os números, mas com certeza irá atrapalhar a entrega de correspondências.

Vale dizer que, muitos moradores não perceberam que estão sem os números!

Quem percebeu tal crime, foi minha vizinha que, alguém reclamou que o número de sua casa estava apagado, foi então que a mesma se apercebeu que havia sido vítima de furto.

Creio que esses ladrões são tão cara de pau, que voltarão para furtar os números restantes. Uma coisa é certa, ele não age só, ou então, é muito alto, ou ainda têm apetrechos para cometer o crime, que fica mais fácil ainda a sua identificação.




A que ponto chegou a humanidade!


Lanço ainda a ideia de que o ladrão passa sempre na rua, é conhecido dos inúmeros cães de guarda dessa rua e que, o mesmo pode ainda ser um vendedor de números de identificação de casas, já que, não está fácil pra ninguém!