quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Roma - e as mil faces

O relógio marcava cinco da tarde quando as luzes foram acesas e as águas recomeçaram a jorrar. A Fontana de Trevi, com toda a sua beleza barroca do século 18 voltava a brilhar no centro de Roma. Era uma terça-feira de outono, 3 de novembro de 2015, data que certamente é um arco para a capital italiana.

Importante  para os romanos, que carregam no DNA uma relação antiga e forte com a água, representada por suas fontes, termas, seus aquedutos e os nasoni - s típicos bebedouros que estão por todos os cantos. Comemoram também os turistas que já podem ver o monumento e sua plenitude e, claro, praticar o ritual clássico de jogar moedinhas para garantir retornar à Cidade Eterna - assim chamada por ter sido o berço da civilização ocidental e ostentar mais de 2.700 anos de história. 
Seja qual  for o seu caso, se embarca pela primeira ou enésima vez, ou planeja uma viajem para (re)ver esse que  é  considerado um dos monumentos ,aos  visitado da Itália, eis aqui o nosso roteiro. Ele parte dos seus ícones indispensáveis, mapeia os arredores e traz dicas locais que ajudam  o viajante a respirar um pouco de seu cotidiano peculiar.

COLISEU

Não é preciso dizer que é o seu símbolo máximo. Foi palco de  lutas  entre gladiadores e  fica  numa  região que é o berço da Roma Antiga. Por isso, ao visitá-lo tenha em mente que há muito para ver nas redondezas, a  começar pelo Palatino e Fórum Romano, duas atrações que estão inclusas no ingresso (de 12 euros) deste  que é  também  chamado de Anfiteatro de Flávio e  foi  construído a  pedido do imperador Vespasiano. Aqui, já  vale um parêntese: quase todo museu vai ter fila, ELAS SÃO DESORGANIZADAS E, por isso sempre vale reservar ingressos pela  internet - mesmo  assim não se  surpreenda se  um deles tiver aglomeração para entrar: respire e aceite, BEM VINDO AO JEITÃO ITALIANO !Eles fazem coisas  incríveis, outras  nem  tanto! Para economizar  tempo  e  dinheiro, pode  ser  uma  boa  opção comprar o Roma Pass, o cartão que dá passe livre a  museus, transportes e  uma série de descontos.

Vistas essas  três  atrações - Coliseu, Palatino e Fórum Romano - basta  pegar  a  direção da Via del Cerchi para  chegar ao  Circo Massimo, antiga  arena  de  entretenimento dos  reis  etruscos e palco dos primeiros jogos romanos.









Via Del Cerchi - Roma:










Hoje, além de visita histórica, é local para caminhadas, grandes shows internacionais e, quando o inverno vai embora, começam a  aparecer tendas e  fogueiras para  ver o belo entardecer em tons de laranja. E com paisagem privilegiada da Terma di Caracalla, principal exemplo de estrutura dedicada a banhos, saúde e lazer na  época dos imperadores. Além de  interessante para imaginar como era o "spa" daqueles tempos, consulte a programação cultural, como os concertos que acontecem no verão e  são organizados pelo grande Teatro dell'opera.










A dois passos dali, no sentido do Rio Tevere, está a Bocca della Verità, uma grande  máscara que  fica na parede de entrada do edifício Santa Maria in Cosmedin, cuja lenda diz que, se você levar uma mordida ao colocar a mão na boca do tal senhor barbado, significa que está  mentindo. Teste que é uma das passagens famosas entre Audrey Hepburn e Gregory Peck, protagonistas do filme Vacanze Romane (1953), de William Wyler.





á  para  as direções do Aventino, uma das sete colinas de Roma, há outras  tantas belezas para ver. O Roseto, rosário municipal que  reúne cerca de  1.000 espécies em uma área de  10 mil m2;  o Giardino degli Aranci, um curioso jardim tomado por  laranjeiras  e  um dos melhores lugares  para  ver  o pôr do  sol,  com uma vista   que   inclui o Rio Tevere,  as pontes e, ao fundo, a  cúpula do Vaticano. Quase vizinho, o Buco della Serratura, literalmente, é um buraco de  fechadura que revela surpreendemente, a  cúpula do Vaticano. De volta ao  ponto  de  partida, na  lateral do  Coliseu com entrada pela Via Labicana, está  o Parco del Colle Oppio. É pequenino e, estranhamente, ainda pouco frequentado pelos  turistas, talvez porque o ilustre famoso faça com que  a  gente só tenha olhos para ele.
















Porém é estratégico e  perfeito para  fazer  aquela foto  que o capte por completo, tarefa  que é impossível de conseguir bem pertinho dele. Bom lugar também, para uma pausa depois de explorar toda essa região que é escassa de verde e sombra -  e sim, quando faz calor aqui,  de junho a agosto, chega facilmente aos 40°C. Até por isso a prefeitura monta operações de emergência que incluem distribuição de  água nas principais  estações de metrô e pontos  de visitação.
Para matar a sede ou a curiosidade, bem na saída do metrô Colosseo fica uma das novidades da temporada: o nasoni high tech, os tradicionais bebedouros de rua que ganharam versão moderna e oferecem água natural ou com gás. E de graça! Instalado em uma espécie de cabine, serve de base de apoio com informações turísticas e tem até tomadas para recargas de telefones, tabletes e afins. Ainda no campo tecnologia, vários pontos do centro histórico possuem Wi-Fi livre, do turismo da cidade, porém não é dos serviços "mais inteligentes", pois pede um número de telefone italiano para cadastro. Pode ajudar o viajante que decide comprar um chip para a  viagem. 
Quem é do agito deve ir para Monti,  o bairro vizinho que é reduto cool de lojas e bares, talvez o único lugar  para comer por essas bandas sem cair em pegadinhas turísticas. O 2Periodico Caffè é ótimo para matar pequenas fomes e beber algo, além de ganhar pela atmosfera vintage, com direito à venda de algumas peças de decoração. Um pouco desse clima também rola no Mercatino, uma feirinha que une clima retrô, arte e moda e acontece aos domingos. Como essas é a área que mais aceita tendências, foi escolhida para o primeiro Temakinho da capital italiana, um restaurante meio japonês, meio brasileiro, de sushis e caipirinhas, com filiais em Milão e Ibiza.
Outro bairro vizinho ao Coliseu é San Giovanni in Laterano, que faz parte do complexo de igrejas papais, tem missa do pontífice e é dita "mãe de todas as igrejas de Roma e do mundo".
Considere exporada essa área ao percorrer a Via Del Fiori Imperiali até a Piazza Venezzia, a rotatória mais nervosa da capital, quase sempre o cenário  escolhido para as locações de cinema para retratar o caótico trânsito - leia-se para os padrões italianos, porque se comparado ao Brasil, é quase nada ! Esse era o palco dos discursos de Mussolini, polêmico político e um dos líderes do fascismo no país: abriga, também, o Altare della Patria, homenagem a Vittorio Emanuelle II, o primeiro rei pós-unificação da Itália e, como tal, o pai da nação. Gigantesco e todo em mármore, apesar de belo e grandioso, é chamado de elefante branco por muitos romanos, por destoar da arquitetura local e ser visível de vários pontos da cidade e a quilômetros de distância. É gratuito e com enorme terraço que proporciona bons e panorâmicos cliques.
Por fim, eis o Campidoglio,  que foi desenhado por Michelangelo e já foi centro do poder da cidade. É onde fica o Musei Capitolini, o museu mais antigo do mundo, fundado em 1471, formado por dois palácios e que mantém um material importantíssimo da história romana, tendo parte do acervo vindo de doações do Papa Sisto IV. Caso planeje investir nessa visita, é preciso tempo, por isso talvez não seja a melhor ideia incluí-lo no mesmo dia do roteiro intenso que foi citado até aqui. Reserve algumas horas para ver com  calma peças como a estátua de bronze da loba com Rômulo e Remo, que seria o ponto de nascimento de Marco Aurélio, que conta  com réplica na praça externa desse complexo; e a Medusa de Bernini. Já na Pinacoteca, há pinturas de artistas como Caravaggio, Tiziano e Lotto. 

Piazza Navona

Por mais que pareça redundante, é das praças mais bonitas dessa terra. Foi construída sobre o Stadio Domiziano, o primeiro exemplo de arena de competições esportivas em solo romano, erguido em 86 d.C., e hoje faz parte da rota de passeios subterrâneos do país.
Ostenta três fontes esculturais, com destaque para a central Fontana dei Quattro Fiumi, assinada por Gian Lorenzo Bernini. É repleta de pintores e desenhistas que vendem seus trabalhos por ali e, no Natal, sedia um mercado de presentes bem conhecido e lúdico, com direito a balões, pirulito e carrossel.
Nesse cenário está a  Embaixada Brasileira, instalada no Palácio Pamphili, edifício imponente que leva o nome de uma família poderosa no contexto histórico romano. Como tal,  traz obras de arte de arquitetos como Francesco Borromini, que trabalhou no projeto  da basílica de São Pedro, no Vaticano; e afrescos de Pietro da Cortona. E o melhor é que pode ser visitado sem pagar nada e com guias falando português. Basta apenas fazer reserva no site oficial.

É preciso falar dos tantos restaurantes e cafés da Navona, que são charmosos e com toalhinha vermelha xadrez, mas que de cozinha autêntica mesmo guardam pouco. Melhor não ceder à tentação. Em cinco minutos a pé, você chega à Via del Governo Vecchio, que já caiu no conhecimento dos turistas, mas guarda lugares que são tradicionais, como a Da Baffetto, famosa pelas pizzas, que são redondas. Disputam lugares romanos e turistas e é sempre um programa que rende histórias.

Existe um seriado no Netflix chamado Capitais do Delito, e o primeiro episódio é Roma. São cerca de 44 minutos que nos mostra o quão perigoso  é a máfia do turismo em Roma. Eis o link do YouTub. Vale a pena se informar:

Créditos: Revista Viajar Pelo Mundo - ano 6 nº 77 

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