(1475 - 1564)
Considerou-se sempre mais um escultor do que pintor. São dele estas palavras: "...tenho para mim que a pintura é tanto melhor quanto mais se aproxime do relevo, e que o relevo é tanto quanto mais se aproxime da pintura; portanto creio que a escultura é a lanterna da pintura e que a diferença entre as duas é a mesma que entre o sol e a lua."
Porquanto pinturas foram inteiramente realizadas pelo próprio, entretanto as esculturas nos chegaram fragmentariamente. apesar do constante descuido com os fundamentos da sua arte, foi um dos maiores pintores de todos os tempos. Pelo conteúdo e forma, pela penetrante intensidade de sentimentos e impressionante beleza das proporções e linearidade, pela sublime imaginação e original visão, inclusive pela delicadeza de seu colorido - como nos mostram as lâminas coloridas - poucos pintores na História da Arte comparam-se a ele. Era rude no seu proceder masculino, e no vigor de seu estilo e concepções: apesar disto, podia fazer com que linhas e superfícies tomassem uma forma de suave doçura feminina. Empregava modelos masculinos para suas monumentais figuras femininas e muitas vezes torna-se quase impossível distinguir, se a vela personagem por um adolescente ou uma donzela. Sempre foi um cristão devotado, e nenhum artista expressou com maior emoção a heroica grandiosidade e o melodioso sensualismo do nu humano. Seus atos e obras são cheios de vitalidade; apesar de ter chegado à metade de sua vida considerando-se um velho, os outros quarenta anos de vida meditou sobre a morte. Talvez neste anelo quase universal, Miguel Angelo, buscou em parte, o dramatismo deste conflito espiritual.
Do sacrifício, terror, sofrimento, valor, da compaixão por esta guerra interior, surge a beleza que converterá cada movimento do cinzel, da sua pena ou pincel, em testemunho das possibilidades inimagináveis da alma humana.
A obra Zacarias:
Afresco, 1509
Teto da Capela Sistina, Vaticano, Roma
Sem dúvida por essa razão precede sobre a entrada na Caplea.
Como anotado por Vigério, Zacarias predisse as trinta moedas de prata pelas quais Judas trairia a Cristo, bem como o local onde seria sepultado. Este profeta da Paixão falou do Filho crucificado e da Ressurreição da vida, e diretamente sobre sua cabeça surge a "Embriaguez de Noé", que prefigura a morte de Cristo na cruz e o renascimento que simboliza a Eucaristia. Na misteriosa parábola das duas varas que foram cortadas para alimentar ao rebanho sacrificado. Zacarias predisse também a vinda do Pastor. Está colocado especularmente entre a queda de dois inimigos do povo eleito: Golias e Holofernes.
Zacarias introduziu a profecia de RAMA nos seguintes termos: "Porque estava Josué vestido com veste imundas e assim de pé frente ao anjo... e... disse-lhe:Olha, livrei-te de tua iniquidade e te vesti com vestimentas da cerimônia (3,3-5).
Tão pouco é casual que a profecia do despojamento de de Cristo na Paixão fora prenunciada pelo profeta sentado debaixo da "embriaguez de Noé", na qual este, símbolo de Cristo, é coberto reverentemente por seu filho.
Velho e barbudo, o Zacarias de Miguel Angelo sustenta seu livro no alto, como que sugerindo pelo volume de sua visão e percorre miopemente as páginas do livro em busca de seu profundo significado. A cobertura é de cor lilás, sempre sempre relacionado, no teto da Capela Sistina, com o manto celestial do Senhor. A roupagem do profeta está esplendidamente em verde-escuro, forrado de roxo e o amarelo forte de sua túnica está ao lado de azul-claro. Está sentado, com um pé apoiado ocultamente debaixo do manto; o outro pé tem-no abaixado para apoiar o corpo. O volumoso manto envolve-o; a luz banha a parte superior da cabeça e as bandas de sua barba; porém o rosto, sereno, está na sombra.
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