Esses traços não se apresentam de forma necessariamente negativa. Artistas, políticos e esportistas têm o narcisismo em seu DNA. A tese de Pinsky é que não se trata de um subproduto da fama, mas da força primária que leva as pessoas a ansiar pelo reconhecimento público. "Celebridades não se tornam narcisistas. Narcisistas é que se tornam celebridades", diz. Os mesmos mecanismos psicológicos que levam um famoso a se julgar o ser mais notável do universo, porém, também podem derrubá-lo. Quando atinge níveis intoxicantes, o narcisismo torna-se uma doença. Pessoas com o transtorno de personalidade narcisística – doença reconhecida pelo CID-10, catálogo de doenças e distúrbios psicológicos – têm dificuldade em manter relacionamentos e são autodestrutivas. Ao contrário do que frequentemente se imagina, o narcisista não tem um ego hipertrofiado. Ele sofre de inseguranças profundas e precisa do aplauso constante dos que o cercam. Age como um vampiro, que suga a energia alheia. "O sujeito fica dependente e estabelece uma relação parasitária com aqueles que o rodeiam", diz o psicanalista Renato Mezan. O narcisista extremado é incapaz de empatia. "Os outros não existem. Só servem de espelho para ele", diz a psicóloga Denise Gimenez Ramos.
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